sexta-feira, 22 de dezembro de 2017



Escrever um livro
Fazer mestrado
Doutorado
Aprender alemão
Francês
Inglês
Viajar o mundo
Conhecer a "África"
Organizar uma passeata
Salvar a pátria


E eu?
Eu só quero dormir
Tranquilamente
Sem pensar
No que conquistar
No dia seguinte
Quero sobreviver
Mais um dia
Não beber
Não chorar
É principalmente

Não me culpar
Por não ser perfeita

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017



Passou o efeito do álcool
E já não sinto mais
Vontade de te escrever
Foi tarde
Como naquele dia
Que despejei toda minha raiva
Num áudio de 9 minutos
Que você nunca ouviu
Sempre exagerada
Sempre
Disposta a sair de madrugada
Pra te encontrar num bar qualquer
E dizer que ainda sinto
Sinto muito, tanto
Sempre exagerada
Fazendo tempestades
Em doses de cachaça
Molhando o céu
Dá sua boca
Com lágrimas
Você sente falta
Dos rodopios na sua sala
Da bagunça nos cabelos
Soltos, compridos
Não corta nunca
Por favor
Eram corpos se contorcendo
E o cheiro de suor
No seu colchão
Nunca fui muito polida
Mesmo
Nem sou de deixar por menos
Deve ser por isso
Que corre na sua espinha
Um arrepio quando me percebe
Solta, em alguma esquina
Que não vai cruzar
Que não vai me encontrar
E não adianta mais, amor
Mandinga
Ebó
Não vai trazer nossa paixão
Nem outro verão
Nenhuma promessa de santo
Mas torço pra nossa Portela
Ganhar no próximo ano

sábado, 16 de dezembro de 2017



Mas porque você
Escreve?
Se ninguém se importa
Com o que você tem
Pra dizer
Na verdade
O que você faz
É uma exposição gratuita
Da sua vida
Em busca de
Likes
Piedade
Ou foda
Não sei se dou parabéns
Ou se ignoro
Sinceramente prefiro
A fulana, ou o beltrano
Sabia que eles têm livro publicado?
Que participaram de sarau no Sesc?
São mais respeitados
Lógico!
A bunda deles não tá no Facebook
Eles não dão vexame
Nem falam alto por aí
Dizendo o que pensam das pessoas
O que você escreve
Desculpe

Mas nem chamo de literatura
De tão banal
Grotesco
E vulgar
Pra mim
Pra nós que estamos aqui
Idolatrando
Ana C e Hilda Hilst
Parece que você quer
Chamar atenção


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017



Eu queria
Me jogar no mundo
Assim como
Me atiro na cama
Dos amantes
Que fingem me amar

Me lançar no vento
E sentir
Essa liberdade
Que ainda não sei
Somente anseio

Como num sonho
Um desejo
Algo que vive
E morre
Aqui dentro

Todos os dias

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017



Queria entender
O poder do mar

Essa força que emerge
Do calor
Do vento
Quando muda
O tempo


De longe
Aquela calmaria
Por dentro
Tanta vida
Mistérios

Queria entender
O poder do mar

A água salgada
Com sabor de lágrima
Que cura

Morada de Yemanjá
Berço de todo amar
Todo coração
Cabe nesse abraço




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017



Tem gente
Que força poesia
Como quem
Força
Desejo
Tesão 

Se esfregam
Com as palavras
Pra ver se excita
Criam um clima
Mas beijam o papel
Sem paixão

Poesia pra mim
Chega como transe
Subindo feito arrepio
Um beijo na nuca
As palavras
Umedecem meus dedos
E desfaleço
Em lágrima
Gozo





sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Não tem mais
Encanto

A voz rouca
Pela manhã
Detalhes da unha
Na boca

Enjoa
Tudo sempre igual

O caminhar
A risada
A roupa

Sem conversa
Sem assunto
Bom dia
Vira
Mal humor matinal

Acabou o mistério
Acabou a magia
O fogo

Antes queimava
Agora
Só cinza
Como os dias

Então saímos
A procura do novo
Corpo
Cheiro
Gosto

Outros serão
Seduzidos
Capturados
E
Depois
Esquecidos

Seguindo o fluxo
da paixao
Que explode
Pulveriza
Gozo e lagrimas

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017



Como domar
Um coração selvagem?


Dê doses
Infinitas de sossego
Leve suas dores
Até as montanhas
Para respirar
Um pouco
De ar puro
Prenda sua fúria
Com força
Em meio a abraços
Sonhos
Devaneios
Invada sua vida
Com uma certa esperança
E de maneira nenhuma
Deixe-o sentir
O gosto sedutor
Da paixão
Essa droga
Que invade, queima
Se alastrando feito pólvora
No coração dos amantes

terça-feira, 5 de dezembro de 2017



O que você está lendo hoje?
Bula de antibióticos
Rótulos de cerveja
Mensagens antigas não enviadas
Mensagens não respondidas
Linha da mão
Carta de tarô
Um muro da esquina dizendo
"Vá viver"
Leio os sinais no céu
Cheio de perguntas
O que você vai ler amanhã?
Ainda não sei

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017



Tenho fetiche por baixistas
E gosto de fazer
Eles sofrerem
Gosto de sentir
Seus dedos longos
Grossos
Dedilhando meu grelo
De gemer bem alto
Quase perdendo
A voz, os sentidos
Tenho fetiche por baixistas
E seus acordes discretos
Sonhos secretos
Escondidos no palco
Adoro suas línguas afiadas
Percorrendo meu corpo
Lambendo
Mordendo
Chupando
Tenho fetiche por baixistas
E de fazê-los suplicar
Pelo meu gozo
Em sua boca
De sentir meus seios
Contra seu peito
Tenho fetiche
Em vê-los suplicar
Por mais um pouco
De prazer
Por mais um beijo
Por mais
Mais
Sempre
Mais

sábado, 2 de dezembro de 2017



Enquanto ainda tiver
Homens dizendo
Que eu devo me "valorizar"
Mulheres brancas
Mandando eu estudar
E gente pra me boicotar
Vou continuar
Bem raivosa
Bem virada no raio
Bem puta da vida mesmo
Desejando que essa cidade
Se exploda
Afundando na própria merda

Não me calo!




Negar água
Ao meu povo
É uma falta
Muito grande
Pode até
Dar azar
Trazer
Má sorte
Portanto,
Não me negue
Seu suor
Sua saliva
Sua lágrima
Me dê tudo
Que te verte
Tudo
Que te inunda
E me afoga!


Choro.

Minhas paixões acabam sim
Um dia
Quando menos espero
A chama apaga

Grito.
Não sei como lidar com as lembranças
Dói ver quem amei partir
Mesmo que não haja mais amor
Mesmo que eu não me importe mais
Sinto meu coração
Mais apertado
Mais contundido
Sei que faço ele sofrer demais
Com tanta porrada
Queria ser calmaria
Não consigo
Não consigo

Suspiro.
É tão triste viver sem paixão
Sem ardor
Sem tesão
Por isso
Tantas lágrimas
Sofro de adeus
Só me resta pegar as cinzas
Ainda quentes
Dentro de mim
E assoprar com força
Pro vento levar


(Suspiro)

(Grito)

(Choro)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017



Desde ontem
Meu coração
É só intensidade
Batendo forte
Bombando


Profundo
Um abismo
De sentidos

Um mar
De mistérios
Encantos



Outubro, 2016.

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...