quinta-feira, 30 de abril de 2015

saciar

eu queria algo salgado
tipo, sua saliva
suor
algo que matasse
a sede
a fome

vontade
de pele
na pele
da boca
no sexo
saciar o desejo



9 meses

São tantos cortes
Tantas dores
Sinto que não vou suportar
Tantos rompimentos,
Desamores
Me sinto afogar
Tantas magoas, 
Feridas
Que meu desejo é não estar
Aqui, ali 
Dentro
Não pertenço a esse lugar
Quero fugir
Sumir
Procurar me encontrar
Sou sem rumo
Coração a naufragar
Na correnteza,
Só sobrevive
Quem aprendeu a nadar

terça-feira, 28 de abril de 2015

Eu você nos dois, já temos um passado meu amor\Um violão guardado, aquela flor\E outras mumunhas mais


sobre hoje

em ordem
o caos se instalou
não adianta mais fugir
se esconder
não
calar não irá te salvar
não
omitir não irá te poupar
não
há tanto ainda
cortes serão feitos
mudanças
desalinho
caminho longo
por onde começar?
ando em círculos


foda-se

eu queria dizer
que perdeu a graça
a gargalhada espontânea
que era leve
não existe mais
o papo gostoso
prazeroso
agora parece discussão
casamento desgastado
bife mal passado
gelado
sem sal
um saco cheio de mentira
desculpa esfarrapada
foda mal dada
rapidinha de domingo
pós jogo
não tem mais sintonia
acabou o encanto
eu te disse tanto
que queria apenas
um lugar pra estar
não ficar
acho que você
se perdeu
entre uma fala minha
e um gozo seu
queria dizer que foi bom
quando duro
intenso
profundo
enquanto descoberta
agora, tão trivial
saco vazio
sem sentido
magia
só mais uma foda
poema esquecido
verso sem rima

sem final

segunda-feira, 27 de abril de 2015

rotina

Todo dia eu acordo 
as meninas miam

entram no quarto
ainda escuro
me beijam, acariciam

Desligo o despertador
olho as horas
o mapa do céu 
a lua 
Vejo em quais aspectos
conjunções 

como será meu dia
Me levanto
rezo
acendo vela, incenso
Ponho comida pras meninas
tomo banho
me arrumo
e saio
rotina
essa manhã

não foi diferente
mas especialmente
hoje
decidi ouvir coração
Com coragem

mesmo fora de curso 
seguirei meu caminho

domingo, 26 de abril de 2015

escrito a dois

Apenas ser e estar
fervor, erupção, frenesi
a choque das mãos 
aflitas
curiosas
safadas 
fortes
na tua pele quente,

ardente
reclamam um desejo latente
Pernas me enlaçam
abraçam meu quadril
boca entre aberta
pedem
 saliva,

o suor
que o corpo pulsa, escorre
então formamos um só
A boca que beija e cala
embriagada
transborda
teu colo entorpece e inflama
clama
Vêm me toma!
se entrega
geme
grita
Absorto, absurdo
abuso!
eu te sorvo
me lambuzo
é doce, tenro
quero estar aí
em cima
de lado
embaixo
Adentro

quer a receita?

-Nossa?
-Como você emagreceu, 
ta mais bonita!
Sim
Emagreci
Quer a receita?
-Opa, claro!
Primeiro seja abandonada
Caia em depressão
Tente suicídio
Pense nele
Nos abusos, violências diárias
separação
humilhação
machismo
racismo
Sofra várias vezes ao dia
Não coma
Se tiver comida, rejeite
Chore todos os dias
(ajuda a perder líquido)
Perca todos os empregos que conseguir
não tenha dinheiro
não tenha comida
Sobreviva só com bolachas,
um pedaço de pão
fique bêbada
cerveja é a minha companheira!
Quando puder
vá até as amigas, casa da mãe
faça uma refeição decente
só pro estômago se acalmar
Ah, durma bastante
ajuda a passar os dias
ficar doente também
pegar uma infecção
uma gripe
se você fizer tudo direitinho, emagrece!
Anotou?


sexta-feira, 24 de abril de 2015

as palavras escorrem
pelos dedos
canetas
derramadas no papel
formam-se a cada sentimento
presas 
numa caligrafia
malfeita
por vezes abro o caderno

visito
só pra saber se ainda
as sinto
no mais
simplesmente esqueço
deixo-as lá
esquecidas
inquietas
aflitas

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Ogunhê!

quando o enxerguei
ele já estava em mim
quando o percebi
ele já brotava em mim
caminhos
destinos
nasci do filho dele
casei com o filho dele
beijei os filhos dele
destinos
caminhos
tava aí
ali
aqui
nos braços
pés
veias
se tem ferro no meu sangue
é Ogum que tá
se tem luta
é Ogum que vai
se tem força
é Ogum que há
se eu acordo
todos os dias
é porque Ogum quer
porque onde eu estou, ele está!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

terça-feira, 21 de abril de 2015

amigo

eu sabia
quando parou na porta
indeciso se entrava
ou saía
desde o início
no primeiro olhar
quando te encontrei
eu já sabia
que as mensagens trocadas
elogios
o vinho
eram desculpa furada
pretextos 
conversa afiada
no começo resisti
meu amigo
não misturo amizade e sexo
amigo
eu posso me perder
ou te perder
assim é melhor
"You know that I'm not good"
cansei de falar
mas mesmo assim
eu quis provar
desejo, tesão
não deu pra segurar
então
veio o depois
do sexo
do vinho
do beck
aquele vazio
meia duzia de palavras
seu silêncio
consciência pesada
minha vida desarrumada
não restou nada
nem amizade
nem tesão

regência


resumo

sou profunda demais 
pra pessoas rasas
sofro de amores impossíveis
e traumatismo craniano
quase sempre
uso frases feitas
clichês
sou repetitiva
teimosa
faladeira
definitivamente
uma montanha russa
um problema

águas

A água transpõe 
Qualquer obstáculo 
Cega o ferro
Apaga o fogo
Perfura a pedra
Derruba barragens
Amolece a madeira mais dura
Só não impede o vento
Brinca com ele, baila
Vira tempestade
Sabe quando
Te pegam
lambem
mordem
sugam
mastigam
devoram?
Então
Tô só o bagaço
o!

madrugada

Chá é como carinho de mãe
suave
doce e quente 
degusto enquanto
escrevo poesia
bolo um bang

ao lado tem ronron
em cima edredom
por dentro inspiração
mensagens trocadas
lembranças
barulho de chuva
ouço Metá

arritmias

Odeio silêncios
Esse buraco
Vácuo
Vazio
Prefiro gemidos
Sons tímidos
Sua voz no meu ouvido
Notas de violão
Sol

Se?
Arritmias

madrugada adentro


Se quiseres
Te faço mapa astral
Numerologia
Leio mão
Corpo
Dou, comida
Sobre a mesa
Massagem
Bolo beck
Bolo de aipim com coco

domingo, 19 de abril de 2015

sobre mim

sexo é dar e receber
troca de energia
sintonia
quando rola liga
a vontade acende cada vez mais
entregamos o que temos
sentimos, queremos
cedi minha boca
sexo
deixei meus anseios
desejos
mostrei meus
seios
esperei, em vão
mas não recebi nada
além do vazio
respostas frias
distância..
sou mulher movimento
ventando seus cabelos
desarrumando
seu quarto
sala
nada ficará no lugar
e não posso ficar
onde não tenho espaço
sou larga
gorda
gulosa
não caibo
em sentimentos pequenos
rapidinhas
meio termo
quero mais
muito, além
porque mereço!
Desejo na intensidade 
que me entrego
ou você aceita
ou nem tenta
simples assim..

corpo

meu corpo
templo
desejo
carne gorda
macia
admira
olhos, linhas
rugas
pele, sexo
pelos
acaricia
crespo que
enrola
embaralha pensamentos
vejo
montanhas, riachos
pernas, seios
superfície
depressões
leio minhas estrias
sou tigresa
poesia

sábado, 18 de abril de 2015

Yabá

minha pele queima
a alma doura
inundada por águas 
de amor e ternura
o ouro de Oxum é meu alimento
a fluidez do rio minha morada
nada me prende
nada me barra

minha pele queima
arde como o dendê no tacho
nas labaredas do fogo
sou forjada, viro aço
espada que guerreia
corta as demandas
meus olhos brilham
como o céu a relampejar
alaranjando, roseando
menina dos olhos, mirá


melada
ardida
as duas irmãs, unidas
luz dos olhos
calor e emoção
tenho a pureza das águas
calor da paixão
uma não vive sem a outra
metá metá
sou filha de Oxum
mas também pertenço a Oya!

Eu sinto tudo 
A chuva caindo 
Pés descalços 
Pedras no chão, 
machucam 
Correndo em busca de abrigo 
Ruas parecem sem fim 
A cada esquina que viro
Corpo gelado, 
molhado
Batom borrado
Pés doendo
Cabeça pesando
Pensamentos voam longe
Tantas recordações
Exclamações
Não é mais só chuva
São lágrimas
Caindo do céu cinzento
Meus olhos castanhos
A música do Renato
Eu sinto
Sinto muito

índio


Índio
de cabelos negros
enrolado 
entre meus dedos
a deslizar
Cigano
olhar oblíquo
Dissimulado
espelho 
a me mirar
corpo 
ardendo
língua 
sedento
Dedilha meu sexo
seu instrumento
eu a gozar
sereia
canta
pra me encantar
venenoso
obsceno
escorpião
meio gêmeos 
negro
branco
caboclo
caçador
cospe Fogo
forja Ferro
meio mar
meio tudo
do mundo
Adentro


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quando paro pra pensar
Paro
Simplesmente 
Pego caneta e papel
E escrevo essas linhas 
Alguns versos
Pensamentos soltos
Que tento dar significado
Sentimento
Quando paro pra pensar
Sinto
Coração acelera em perguntas
Razão e emoção andam juntas
Misturam-se na caligrafia
De repente
Analiso
Uma mulher de água abundante
Ferro nas veias
Como faço?
Paro
Quando paro pra pensar
É foda!
Ou não
"Esse povo de gêmeos é engraçado"
Me disseram uma vez
"Quer, depois não quer mais
Num fode, mas não sai se cima"
Sei não
Sei nada, aliás
Quando eu paro pra pensar
É assim
Não paro
Mente fervilha
Coração transborda

rio

sou rio
plenitude
profundeza
incerteza de sentidos
líquido
escorre
entre os dedos
perdida
é suor
deslizando
pelo corpo
douçura
calmaria
quando visto
por cima
é sol
refletindo o olhar

rio sinuoso
transpõe barreiras
correnteza
rio bailando
ao encontro
do mar
brisa
inquietude
água arrepiada
movimento

quarta-feira, 15 de abril de 2015

lua em peixes

Acordei, de novo
Com aquela sensação 
De que fomos feitos 
Um
Para
O outro
Depois
Veio a realidade
Não nascemos
Vivemos
Sentimos
Estamos
Juntos
Mesmo separados
Estado
Geografia
Tempo e espaço
Uma amizade
Companheirismo
Sintonia
Fortalecida cada ano
Quase 10!
Já foi amor
Paixão
Já foi
Tudo e nada
Hoje eu acordei
Com esse sentimento
Mesmo sabendo
Que é só
Mais uma
Lua em peixes. .

terça-feira, 14 de abril de 2015

Não espero que você
Me entenda
Eu estou há
36 anos tentando
Infelizmente não consegui
Ainda
Na verdade não espero
Nada
Não sou o tipo que
Espera por algo
Alguém
Eu deixo estar
Ficar
Partir
Vou seguindo a correnteza
Se ela me levar
As pedras
Arrebento
Se me levar
Ao mar
Deságuo

sobre liberdade



Todo amor é livre
Se ele te aprisiona 
Não é amor
Por isso
Eu me amo
Livre
minha intuição não falha
o que falha 
é meu coração

ornela's

é nego 
deve ser difícil
ter meu nome marcado
no seu registro
sentir ciúme
quando eu sair
da boca de um conhecido
pensar em mim toda vez
que assina um manuscrito
me encontrar noutra boca
num sussurro
gemido
é nego..
deve ser difícil
me ouvir
ver
não me sentir



segunda-feira, 13 de abril de 2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

perdoe

Perdoe minha intensidade
Meu furor, vontades
Querência de amar
Perdoe se fui afoita
Tirando minha roupa
Não pedi licença pra entrar
Perdoe se te queimei no meu fogo
Te deixei quase morto, sem ar
Perdoe minha loucura
Chupões, mordidas
Se te fiz gozar
Perdoe a minha luxúria
Não era minha intenção ficar
Queria apenas seu corpo
Provar o gosto
A fome saciar

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Vomito palavras
Pedaços triturados de
Angustia
Revolta
Desamor
Tudo que não digeri
Entaladas na garganta
Num papel
Escrevi
Muitos não olham
Ou fingem
Não olhar
Outros se compadecem
Devolvem o asco
Com afeto
Empatia
Eu votimo palavras
Pra mim
Isso é poesia


sábado, 4 de abril de 2015

Sozinha andava pelo jardim
Falava com as plantas
Cumprimentava as flores
Magrela e faceira 
É o que me disseram
Tinha uns 5 anos
Me lembro de vagos momentos
Rezas, benzimentos 
Tranças nos cabelos 
Algumas fotos antigas 
E uma tia avó de pele escura 
Eu nunca percebi minha cor
Preta, branca, parda?
Só o que tava na certidão 
Parda, como meus irmãos 
Mas eu não me parecia com eles
Nem com meu pai
Ou minha mãe 
A infância e a adolescência foram cruéis 
Gorda, feia, fedida 
Era o dia a dia
Me escondia junto com os rejeitados 
Mas o tempo, senhor de tudo
Colocou no meu caminho mulheres poderosas
Na hora e momento certo 
Uma delas me disse 
"Você é negra"
Depois a outra 
"Você é livre"
E a outra
"Você é filha de orixá"
Emponderada por elas e muitas outras 
Meus olhos se abriram 
Descobri o racismo, o machismo, a intolerância 
Que fui e ainda sou silenciada 
Polida
Negligenciada 
Mas agora tenho voz
E ela não se cala
Incomodo?
Sim. Mas a luta segue!
Sou negra, feminista e candomblecista
E ainda falo com as plantas, flores
Pois sei que faço parte da natureza como meu orixá!

Eparrei!

Bota água na panela
Acende o fogão 
Hoje vai ter banho de cheiro 
Lua nova 
Renovação 
Acende uma vela
Prepara as ervas 
Para fazer a infusão 
Põe cravo
Põe canela
Bota fé e coração 
Ginga seu corpo 
Peça a bênção 
Dona do raio
Senhora dos ventos 
Vamos saudá-la nessa oração

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...