quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A fábula do pássaro
Na gaiola
Nunca foi nosso caso
Nesse caso
Coube mais
Aquele dito popular
Da abelha
Num jardim florido

Não tá maduro
Mas vamos lá

As palavras
Escorrem nos dedos
E não encontram mais sentido
Apesar de eu continuar
Sentindo

Deixa estar
Um dia passa
Como a última tempestade

As vezes acho
Que é tudo brincadeira
Do destino
Trama e destrama
Sempre ingrato
Sem ponto final

E não precisa, né mesmo?
Cada um segue seu caminho
Água e ferro
Não se misturam
Ou forja
Ou cega
Sem meio termo

Lembro daquela noite
No mar
Eu queria acreditar
Em tudo
E acreditei
Por um segundo
Até você virar as costas
E me esquecer novamente
Num canto qualquer

Quem controla o coração?
Eu não, nem você
Dois apartados
Sem liga
E sem papo
Tudo turvo
Anuviado

Chega que um dia
A gente cansa
De esperar
Até pagar pra ver

Um jardim florido
Cheio de flores
Brotando mel
Te espera na próxima esquina
E tudo bem
Se perdi meu cheiro
Mas não perdi meu brilho

Vai voar

Fevereiro, 2020.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Desde do final do ano passado
Tenho me sentido sem rumo
Enganada mais uma vez
Por pessoas em quem confiei
Meu coração
Minha vida
Minha intimidade

Sinto todo dia 
A culpa de ser tão aberta
Tão líquida
A ponto de deixar qualquer um entrar
E fazer a merda que quiser
No meu peito

Sigo tentando
Não me culpar
Por cair na armadilha
De gente boa que é ruim
E tentando não embrutecer
Não esmorecer
E secar

A vida me faz dura
Meu pai me deu a máscara do ferro
Mas meu seio é liquido
E brota tempestades

Faz tempo que não venho aqui
Tenho fugido das minhas memórias
Das minhas mágoas
Mas esqueço
Que elas habitam no meu peito
Então, volto aqui
Pra escrever


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

As vezes
Dá uma vontade
Enorme
De ligar
Perguntando
"E aí, como você ta?"

As vezes
Vejo suas fotos
Lembro
De cada segundo
Daquele clique

As vezes
Sinto saudades
E choro

Então me lembro
Que tudo
Foi mentira
E volto a viver
Minha vida




sexta-feira, 9 de novembro de 2018

 caminho estamos agora? Desde do último beijo que te dei até o dia que vi você com outra mulher. Já não sei mais.
Eu tento todos os dias desenrolar as palavras que estão presas na minha garganta e não chorar mais por elas, não chorar mais por você e por tudo que vivemos, pelo que não vivemos.
Meu desejo era ser tua, e somente ser.
Sem regras, sem medo, sem mágoas.
Ter um céu azul no dia seguinte, acordar ao lado.
Mas nunca existiu céu, nunca existiu nos dois.
Voce pode achar que não me importo, ou que não ligo mais. A verdade é que decidi seguir meu caminho.
Se ele cruza com o seu, já não sei mais.
Cansei de esperar atingir seu coração com dedicatória em livros, perfumes, beijos e fotos.
Se nada disso te atinge.
Se meu amor não te atinge.
Nao há nada mais que eu possa fazer.
Nesse momento eu só sinto muito, tão profundamente como no dia que descobri que você havia casado com outra.
Nesse momento eu só imagino aquele dia
Meu coração quebrado e sem saber onde por os cacow
E imagino isso acontecendo novamente.

Então, Índio, que lugar eu tenho na sua vida que não seja em poucos minutos do seus dia?
Em segundos do seu pensamento?
Ou nas horas que você se sente só?
Seu sorriso ainda me alimenta, mas preciso viver do meu, com o meu.
Não posso mais.
Adeus.

domingo, 16 de setembro de 2018

Minha mãe, meu lado espiritual, estudo, consciência
Meu pai, a beleza, o romantismo, a adoração
Meu irmão, a luta, a militância, a subversão
Minha irmã, a coragem, a vaidade, a doação

Entendi tudo agora!

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Eu pensei em não te escrever.
Pensei em deixar tudo como está, e tudo bem.
Tá tudo bem.
Cada um vivendo sua vida, assim que deve ser.
Será? Não sei.
Sempre existiram dúvidas no meu coração.
Acho que por isso ele é selvagem, nem tanto indomável. Questão de ser e não estar.
Quem sabe?
Mas não vim falar sobre minhas dúvidas, vim falar de certezas.
E é certo que te machuquei e magoei muitas vezes, em várias situações que nem sequer percebi, e que isso também me machucou, muito.
As palavras saem do meu peito feito lâmina, cortando tudo que vê pela frente, as vezes tenho medo de mim mesma.
Mas são só palavras, não são sentimentos, são só palavras vazando de mim.
Nada do que disse é o que eu sinto.
E eu sei que você sabe.
Só sinto em ter que dizer isso, assim, escrito e ter perdido as oportunidades de me abrir, sem medo.

Minha impulsividade, minha paixão, é minha insensatez. Me perdoe, mas tudo é demais aqui dentro.

Não tô querendo justificar, mas já justificando, é que tua ausência sempre me inquietou, sempre me casou saudade e fome, sim, eu sinto fome.
E quando senti tão latente, tão forte, não tive outra opção a não ser gritar.
Gritar, xingar e odiar o mundo por não estar com você. Eu sei, não foi legal.
Mas é assim mesmo, e eu tento controlar.

Queria dizer também que a distância é uma aliada nossa.
Que o tempo é cura.
E que o passado não me importa mais.

Só desejo agora que daqui pra frente, pouco a pouco, a gente possa se encontrar num lugar mais leve, mais bonito, mais tranquilo.

Talvez seja mesmo no tempo da delicadeza, da amizade, do companherismo, ou só se ver na rua mesmo, se abraçar e dizer que tá tudo bem. "Até um dia, fica bem."

Mas será que consigo?
Será que um dia vou superar teus olhos?
Mais que a fome que arde em meu peito, são seus olhos na minha retina em tudo que vejo.

Não consigo dar adeus, no máximo só um até breve.
E também não sei terminar essa carta sem dizer que te amo.



Ornella Rodrigues. Vênus em touro. 2018.

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...